Tuesday, November 28, 2006

Onde está o operário?!


Morreu ontem o pintor/poeta Mário Cesariny. Rasgados elogios têm sido feitos ao seu trabalho e eu acho que se deve respeitar aquilo a que um homem dedica uma vida, seja à pintura ou à pesca! Todavia, o que não consigo perceber, alcunhem-me de obtusa se assim vos aprouver, é a chamada ARTE! Eu até tento ter uma mente aberta e um espírito despenteado mas como se destingue arte de meia dúzia de rabiscos infantis?! Desculpem-me a frontalidade, e talvez a ignorância, mas não entendo estes novos movimentos artisticos. O quadro aqui ao lado chama-se "O Operário". Sinto-me como uma criança a olhar para o jogo "Onde está o Wally" à procura do trabalhador e o frustrante é que não o encontro. A minha dúvida premanece: até que ponto um tipo é um génio ao olhar para uma sociedade de pseudo-intlectuais e obrigá-los a respeitar o seu conjunto de borrões com um nome extremamente profundo e sugestivo? Parece mal não gostar do trabalho de Cesariny?! Tenho pena mas não gosto e tenho pena dos que dizem que gostam, embora n'O Operário vejam um bidé!

5 comments:

Anonymous said...

Mas também tenho que dizer que nem todas as obras de Cesariny me agradam.

Anonymous said...

O surrealismo nem sempre tem que fazer sentido. Existem obras mais "normais" com nomes completamente estranhos. A arte está nos olhos de quem a vê. E depois ainda há aqueles que olham para um monte de laranjas em cima de um bidé e ficam fascinados. Obtusa... não acho. Apenas com gostos diferentes e opinião formada. Eu como gosto bastante de arte contemporânea, sou suspeito.

Anonymous said...

Bem, não acho que gostar de cesariny qualifique alguém como obtuso ou arguto, gostar ou não gostar deste quadro ou de qualquer outro é até bastante irrelevante. A ideia principal do post é que pode escandalizar muita gente por enfatizar uma coisa que não interessa lembrar. Ou por ser lembrada pelos motivos errados, já que toda a gente gosta de a lembrar tácitamente. Em quase tudo se usam universos simbólicos para fazer a distinção entre "nós" e "os outros", neste caso, "nós" refere-se a nós os inteligentes, sensíveis, artistas e pessoas de forte compleição intelectual que já incorporaram todos os referenciais que precisam para ter acesso fácil à compreensão do abstracto. É um grande júbilo saber que somos mais que os pobres de espirito incapazes de interiorizar a beleza da arte. Essa beleza é arquetipizada pelas "elites intelectuais", que criam para os "pseudo-intelectuais" (isto é, as pessoas que gostam daquilo que acham que os "intelectuais" gostam por quererem ter o mesmo tipo de reconhecimento) os modelos que devem seguir para terem a arrogância legitimada. Não tem mal nenhum gostar gostar de cesariny, aliás, é até uma coisa muito boa, é sempre bom gostar genuinamente de qualquer coisa. Não é por gostar de cesariny que se é "pseudo" ou lá o que seja. Gostar por obrigação é que é um processo bem menos positivo, especialmente porque quando criticamos os outros pela ignorância de não serem iguais ao que nós achamos que se deve ser igual, estamos a ser hipócritas acima de tudo com nós próprios.

Anonymous said...

gosto de pensar que a elite intelectual portuguesa vai ver filmes ao king no anonimáto numa possivel remeniscencia aos gloriósios dias do cinebolso. Gosto de pensar que os "nós" passam o dia sentados no sofá a vegetar e a ver as noticias da tvi para percebermos que lá fora há alguem bem pior que nós. Ou seja, os outros, os chamados pseudo-intelectuais/intelectuais gostam de pensar que nós , os outros , encontramos beleza numa arte moderna cheia de rabiscos e cores/ausencia desta mesma quando esta não o é. Num país onde tudo é subjectivo..... tambem a qualidade da nossa arte, e dos nossos artistas é duvidavel.

A. said...

Para quem não visitava blogs... ena ena, puxadote! Lá está. agora o homem morreu e toda a gente diz que era muito bonzinho e um grande artista! Quando eu morrer também vão dizer que sou uma mente brilhante e um génio cognitivo?! BAH TRETAS!