Tuesday, May 29, 2007

Quanto espaço ocupa a minha vida?

Hoje deparei-me com um absurdo completo: preciso de reunir as coisas que me são mais queridas, senão arrisco-me a ficar sem elas. O que guardar?! A primeira coisa que me lembrei foram as coisas de valor - ouros e pratas em formas de brincos e anéis, colares e relógios. Depois lembrei-me do meu computador (a torre vai para o carro daqui a algumas horas). Os livros nem vale a pena pensar, pois são muitos e embora os ame não os posso guardar no carro a todos (se tivesse uma pick up talvez...) mas há um ou outro que tem de ir comigo. Os perfumes preferidos. A máquina fotográfica que está avariada. E mais? Uma pessoa olha para o que tem de mais precioso e tudo se resume a uma mala de viagem cheia de quinquilharias. É triste e, ao mesmo tempo, libertador mas não deixa de ser patético. Não preciso de brincos, nem livros, nem roupa nem nada para sobreviver. Mas o facto de poder ficar sem alguma destas coisas deixa-me apavorada e com vontade de esganar alguém.
Percebi que o que eu não gosto mesmo é que interfiram no meu espaço. Não tenho nada de valor mas as coisas são minhas e a mal ninguém me tira nada. Nem o fio de ouro que me deram há 20 anos e que nunca usei mas que está religiosamente guardado numa caixa, nem o agrafador que me custou 1 euro!


Continua a ser patético. Querer resumir a minha vida a uma mala de viagem. Mas entre o patético e o desfalcado prefiro a patetice mas continuo sem saber com que preencher a mala. Levo aquele livro que adoro? Levo o perfume que a minha mana me deu com tanto esforço e que não uso para não o gastar? Levo o quadro que a I. me pintou com tanto carinho? Levo o agrafador? Não sei o que me prende, realmente. Todavia, tenho de encher esta mala, senão parto com a sensação de coração vazio.

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