
Não me tinha era apercebido do facto que, conduzindo, já não tenho hipótese de apreciar Lisboa. Agora, face à operação, estou impossibilitada de me sentar ao volante e fui para a capital no combóio da ponte. Apesar de só terem passado cerca de 6 meses, notei diferenças e senti saudades do tempo em que andava de transportes públicos, lia um livro em 3 dias, apreciava as ruas, as gentes, os hábitos dos desconhecidos cujas caras já me eram familiares, os cafés das gares, sempre de qualidade duvidosa mas fervilhando de gente a degladiar-se por um pastel de nata.
Andava chateada por a doença me ter roubado a independência, por ter de ser conduzida mas, a partir do momento em que, da ponte 25 de Abril, vi o pôr do sol reflectido no vidro das Amoreiras, esbocei um sorriso. Deitei a mão à mala à procura do livro que não levava e do Walkman, já tão velhinho que só apanhava estações de rádio, que estaria guardado algures numa gaveta em casa, inútil.
Quarta-feira vou outra vez... e já levo o livro e os phones. Já tinha saudades.
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