Thursday, February 1, 2007

A campanha pelo Não

O Centro Paroquial de Nossa Senhora da Anunciada, em Setúbal, mandou distribuir pelos quatro infantários que dirige, mais de 850 cartas apelando ao voto contra o aborto. Nesta, o autor encarna a voz de um feto retirado do ventre da mãe cedo demais. Frases como "Mãe, como foste capaz de me matar?... Como consentiste que me cortassem aos bocados e me atirassem para um balde?" parecem-me de uma violência extrema para adultos, e, ainda assim, a direcção do Centro Paroquial achou por bem serem as crianças as portadoras de tal mensagem.
Esta luta cega dos partidários do Não já está a ultrapassar os limites da decência e do bom-senso. São detentores de uma visão maniqueísta da realidade, onde de um lado, o deles, estão os decentes e do outro, os indecentes/assassinos.
Recusam-se a alargar horizontes.
Recusam perceber as razões de quem quer fazer um aborto.
Recusam-se a entender as consequências que uma criança mal desejada carrega toda a vida.
Recusam-se a perceber que, mesmo que consigam os seus intentos de não viabilizar a despenalização, abortos de vão de escada vão continuar a fazer-se.
Recusam apreender que assim mulheres continuarão a morrer.
Recusam aceitar que a sua campanha pelo Não poderá matar só porque sim.

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